segunda-feira, 11 de maio de 2009

Morte Emocional


Em minha adolescência assisti a um filme de duvidoso gosto que tinha o título “Faces da Morte”. Ele tratava de várias formas de execução de pessoas. Mostrava um retrato da crueldade humana, como a engenhosidade para tirar vidas. Mas nesse filme não havia nenhuma abordagem à origem da morte: o pecado.

A Bíblia nos ensina que “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23). E costumamos nos deter em duas facetas da morte, quais sejam, a espiritual e a física. Esta é a determinada pela ausência de atividade fisiológica. Aquela é a morte definitiva (referida na Palavra de Deus como “segunda morte”), consistente no afastamento permanente da glória de Deus, já que o pecador incrédulo – que é quem sofre tal morte – passará a eternidade no local designado inferno, em infindável sofrimento.

Mas gostaria de destacar uma outra qualidade de morte: a emocional ou moral. Essa também é consequência de pecados praticados por palavras ou ações e que têm em si uma grande carga destrutiva. É a ela que o Senhor Jesus se referiu ao dizer que “ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno” (Mateus 5.22-23). Com essas palavras, o Mestre ensinava aos discípulos que tão grave quanto causar a morte física de outrem era causar a morte emocional. Ela dói, destrói, humilha, arrasa. É devastadora não só para a vida do ofendido, mas também para aquele que comete o pecado.

O Salvador, além de ensinar sobre a morte emocional, também a experimentou em algumas ocasiões, como naquela em que recebeu de seu discípulo Judas o beijo da traição (“E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?” - Lucas 22.48) ou quando, em meio à dor da tortura, ouviu Pedro negá-lo pela terceira vez, virando-se para ele (Lucas 22.61). Também o apóstolo Paulo, ao ver-se abandonado pelos irmãos da Ásia (1 Timóteo 1.15) e constatar que estava sozinho no momento de grande dificuldade (“Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam” - 2 Timóteo 4.16).

A morte emocional surge, via de regra, em círculos mais próximos, onde há confiança nas pessoas, tais como ocorre em família, igreja e grupos de amizade. E a sua dor é diretamente proporcional ao grau de intimidade e confiança depositadas nesse relacionamento.

Felizmente, para o que crê, Deus é aquele que transforma a morte em vida, a desilusão em esperança, a tristeza em alegria, a dor em superação, a fraqueza em força, a vergonha em honra, o fracasso em vitória e a morte em vida.

Que o Senhor nos abençoe para que não sejamos causadores da morte emocional de outrem (irmão em Cristo, ou não). E também para que tenhamos condições de nos entregar totalmente em suas poderosas mãos, que nos restauram em qualquer situação. Porque é o Senhor quem nos dá a vida. Inclusive a emocional.

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