domingo, 10 de abril de 2011

No céu não há tragédias!

Nestes dias em que o Brasil está estupefato com a chacina cometida pelo jovem Wellington Menezes, tenho lido vários textos, noticiosos ou comentários, sobre a tragédia de Realengo. Alguns focam na narrativa dos fatos, detalhe a detalhe. Outros, na dor, desespero e inconformismo de familiares e amigos. Mas me chama a atenção a quantidade de “especialistas” que surgem para comentar o comportamento do assassino (sim, em que pese a mídia chamá-lo de “atirador”, na minha concepção essa expressão deve ser destinada aos esportistas que praticam tiro olímpico, que nada tem a ver com homicidas, como esse rapaz).

Vozes se levantam para buscar culpados, implementando uma verdadeira caça às bruxas. Percebe-se gente culpando a falta de segurança nas escolas (como se o fato de um ex-aluno chacinar adolescentes na escola em que estudou há vários anos fosse algo previsível); o bullying de que Wellington teria sido vítima quando ainda estudante; o computador (há notícias de que o rapaz passava o dia diante de um micro); a falta de estrutura familiar; a falta de atenção das pessoas, que não perceberam a tempo o distúrbio homicida do rapaz ou não fizeram nada para evitá-lo; a política adotada com relação à venda de armas (como se fosse fácil comprar uma arma legalizada); e até mesmo a religião (em razão da carta deixada por Wellington, em que há referência a ritos religiosos, confusos e sincréticos); além, é claro, da própria loucura em si do assassino.

O fato é que não há culpados. Nem mesmo a tão propalada maldade humana pode ser usada como bode expiatório para essa tragédia. Um ato de loucura, de insanidade, ocorre de surpresa e não segue nenhum padrão lógico. É absolutamente imprevisível e, como tal, não poderia ter sido evitado. Mesmo a premeditação dos detalhes,por parte de Wellington, não altera a imprevisibilidade da tragédia.

Acredito que a raiz dessa tragédia é o pecado. Não no ato pecaminoso isolado praticado por Wellington (esse foi uma consequência, foi a torpeza final). Mas no pecado original. Aquele que afastou a humanidade de Deus e perverteu a criação (“...maldita é a terra por causa de ti...” Gênesis 3.17). É o pecado que potencializa a enfermidade mental, tornando homens tremendamente suscetíveis à influência do mal. Transforma pessoas em bestas, desprovidos de qualquer resquício de humanidade.

Fico feliz por saber que tragédias como estas não me seguirão durante toda a vida. Talvez eu tenha o desprazer de vê-las (ou de ser vítima delas, diretamente ou por meio de um ente querido) durante toda minha vida na terra, mas não durante minha vida inteira. Porque minha vida não termina aqui. Não, em Jesus ela se estenderá nos céus, local em que “...Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”. Louvado seja o Senhor Jesus Cristo, porque no céu não há tragédias!

Desde que tomei conhecimento dos lamentáveis fatos de Realengo, tenho pedido a Deus que Ele console os familiares das vítimas dessa tragédia, que abençoe as crianças feridas no corpo e na alma e que as pessoas aproveitem esse momento de dor e de perplexidade para refletir sobre a efemeridade da vida terrena, preocupando-se um pouco mais com o aspecto espiritual da existência humana. Quem sabe, não é a hora do Brasil, em uníssono, fazer o mesmo questionamento que o carcereiro dirigiu aos apóstolos (Atos 16.30): “que é necessário que eu faça para me salvar?”. Seria mais útil nesta hora do que caçar bruxas e fantasmas.

Nenhum comentário: