Foi interessante ver como o cargo de prefeito do Rio de Janeiro foi decidido em segundo turno, voto a voto, numa vitória muito apertada de Eduardo Paes sobre Fernando Gabeira.
Há dois meses Gabeira apontava cerca de 5% da preferência do eleitorado, segundo as pesquisas de opinião pública. Teve um crescimento vertiginoso em sua campanha, que o levou à segunda colocação e, conseqüentemente, à disputa do segundo turno.
Alguns fatores foram decisivos nessas eleições:
1) a perseguição da imprensa (especialmente o grupo Globo) ao candidato Marcelo Crivella, senador ligado à Igreja Universal, chegando ao cúmulo de relacionar o covarde assassinato de jovens por militares do Exército, ao projeto "Cimento Social" de autoria daquele senador. Com essa vinculação, Crivella que liderava as pesquisas de opinião no início da campanha, terminou em terceiro lugar;
2) a força opinativa dos eleitores de Gabeira. Ninguém duvidava - e as pesquisas confirmaram - que os eleitores de Gabeira eram, em linhas gerais, os mais eslcarecidos do Rio. Eram formadores de opinão. E realizaram uma silenciosa, mas intensa campanha boca-a-boca, e-mail a e-mail, telefonema a telefonema, no melhor estilo do marketing pessoal, e foram os responsáveis pelo crescimento abrupto dessa candidatura, levando-a à disputa do segundo turno;
3) a força da máquina do Estado. A campanha de Paes teve como principal trunfo o caos da saúde pública do Rio. E o governo do Estado achou em suas UPAs (unidades de pronto-atendimento) um grande filão de votos a favor do candidato do governo. Inúmeras UPAs foram inauguradas. Algumas na semana da eleição(!) e nas barbas da Justiça Eleitoral. O governador Sérgio Cabral Filho apostou todas as suas fichas na eleição de Paes (e quase perdeu...) porque não emplacou nenhum candidato nas cidades da região metropolitana do grande-Rio; e
4) mas a principal causa da derrota de Gabeira foi um belíssimo final de semana de muito sol e calor. E, como se não bastasse, ainda o governo do Estado havia antecipado (teria sido propositalmente?) o ponto facultativo do dia do funcionário público do dia 28.10 para a segunda-feria, dia 27.10, fazendo, para muitos, um feriadão. Resultado, abstenção de mais de 20%. Isso mesmo, um em cada cinco eleitores deixaram de comparecer às urnas. Foram quase um milhão de ausentes! A maioria certamente da zona sul, justamente onde Gabeira era mais forte. E ele só precisava de mais cinqüenta mil votos...
Sim, foi o final de semana com cara de verão, o domingão de sol, que trouxe grandes e densas nuvens sobre a candidatura de Gabeira, que acabou na chuva. Mas fica pré-lançado como uma excelente opção para 2010, quando o Estado do Rio elegerá um novo governador.
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